O caraubense e hoje professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Wallace Souza, juntamente com o também professor e doutor Erik Figueiredo, ambos do departamento de economia, produziram um interessante artigo que trata do desenvolvimento do livre comércio associado à queda na taxa de mortalidade infantil nos países.
O livre comércio e a queda na taxa de mortalidade
Por Erik Figueiredo e Wallace Souza
É praticamente consensual que a abertura econômica esta diretamente relacionada com o bem-estar social. Os efeitos são diversos, destacando-se o aumento no fluxo comercial, crescimento do produto interno bruto, aumento da produtividade e estabilização do nível geral de preços. Além desses impactos diretos, o comércio também pode ter efeitos em variáveis que captam o desenvolvimento e qualidade de vida dos países envolvidos, tais como o nível de educação, pobreza, trabalho infantil e as condições de saúde.
Este artigo tratará desse último grupo de variáveis, em especial de um indicador central para as condições de saúde da população: a taxa de mortalidade infantil. Utilizando dados de mais de 140 países do mundo, um grupo de professores das Universidades Federais da Paraíba e do Rio Grande do Sul analisou como a assinatura de acordos de livre comércio resultaria em reduções na taxa de mortalidade infantil. Os resultados encontrados mostram que, em média, todos os países conseguem se beneficiar com a abertura comercial e ter uma melhora nos indicadores sociais. Isso se deve, entre outros fatores, ao próprio crescimento econômico impulsionado pelo comercio, a disponibilidade de mais recursos investidos em saúde pública, externalidades a partir de avanços na medicina e descoberta de novas vacinas e remédios que transacionam entre as nações.
Para a taxa de mortalidade infantil total, os países que já possuem uma pequena taxa são os que conseguem reduzi-la em maior magnitude a partir da abertura comercial. Esses países são praticamente os de renda alta e desenvolvidos, que conseguem essa redução devido ao nível de desenvolvimento já alcançado.
Quando se considera a taxa de mortalidade apenas para menores de cinco anos, uma medida mais acurada das condições de saúde nos primeiros anos de vida, os países que apresentam taxas elevadas conseguem uma maior redução desse indicador. Esses são em geral países com um baixo nível de renda (pobres e/ou em desenvolvimento), que devido a própria defasagem em termos de desenvolvimento conseguem absorver benefícios muitas vezes básicos, já conseguidos e superados pelos países desenvolvidos.
Em suma, a demolição de barreiras ao comércio pode ser benéfica para os países não apenas em termos de transações de bem e serviços, mas também em externalidades positivas dentro das fronteiras dos países envolvidos, com o melhoramento de indicadores sociais e de qualidade de vida. Mais ainda, os países pobres e em desenvolvimento podem melhorar com a abertura comercial, ao contrário da visão tradicionalista de que apenas os países ricos seriam beneficiados a partir da exploração dos países pobres, em um jogo de soma zero onde o ganho de um teria como contrapartida a perda em outro país.
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